Sentados naquele lugar, sem muito papo. Sem aquele blá blá blá sobre o que fez durante o dia. Sem aquele assunto de como o time de futebol dele estava. Nem de política, cultura, ou coisa parecida. Nada de clichê. De injeção. Isso, aquela injeção de conversa maçante, de mesmice. Nem seus olhares rumavam a algo. Nem os pensamentos atreviam a vagar-se pelo saguão.
Pessoas descendo e subindo no seu condomínio e ela sequer levantava a sobrancelha para um cumprimento qualquer.

Olharam entre si. Sem nem pensar na consequência. Partiram para um abraço. O abraço. Os dois, concomitantemente.
E para acabar com a confusão que o próprio compositor cita nos primeiros versos. Ele a beija. Ela apenas corresponde. E isso foi muito. Foi suficiente.
- Ahn? Você disse algo?
- Eu disse?
- Eu também.
- O que?
- Também te amo. Muito.- (...)
- Boa noite, até amanhã.

Foi como se ela caísse desse precipício. Foi como se ela não esperasse que aquela música tocasse. Que ela parasse de tocar. Justamente aquela. Justamente naquele momento.
(ana lívia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E você, tem algo a dizer? :)