Olá, pessoal!

"Todo homem tem direito de pensar o que quiser, de desenhar, de pintar, de cantar, de compor, de escrever o que ele quiser." (Raul Seixas - editado)

Espero que gostem do que vão ler aqui!
Darei o meu máximo, não sei se sempre, mas farei o possível! :)

30 de setembro de 2010

Relapso.

No PubCoffee, onde eu trabalhava era o lugar o qual ele mais freqüentava.
- Bom dia, querida! Quero o de sempre...
Era a única coisa que ele falava. Mas sem mesmo o uso das palavras ele conseguia me convencer de que estava ali por mim. Para mim. Mas, eu não posso!
Seu olhar para o meu avental. Sua insensata mania de olhar minha boca o condenava.
E assim foi durante 1 ano e pouco. Mais precisamente 1 ano e 5 meses.
E na minha cabeça um martelo, sempre me precavendo do perigo. Eu não podia, nem ele.
- Não quer parar de frequentar esse lugar? Você sabe que será impossível!
E a única coisa que eu recebia dele era aquele olhar dizendo “não”.
Tudo bem. Ele não queria mudar de pub, eu resolvi mudar. Procurei outro emprego e dentro de duas semanas lá estava eu. Trabalhando naquele café. Era um lugar bem xucro, mas acho que a minha vontade de trabalhar numa Starbucks que provocava isso.
No início foi difícil sem a sua presença por ali. Constantemente. Mas acostumei. Precisei pouco mais de um mês.
Pudera eu imaginar que dentro de 2 meses ele estaria ali, novamente. Surpreendentemente lindo ele apareceu na porta.
No primeiro dia, o de sempre. Mas percebeu que o prato não tinha o mesmo gosto de antes. Passou a pedir apenas uma xícara de café. Sem açúcar, ele sempre frisava. Que amargura, não?
Os dias foram se passando e a minha vontade de cair naquela tentação só aumentava. Eu sentia seu cheiro de longe. Isso, em casa mesmo. Eu sentia seu gosto. Eu sentia o mesmo desejo. O seu desejo.
Até que naquele dia ele passou dos limites. Não se conteve no seu platonismo. Muito menos eu na minha meticulosidade.
- Não agüento mais! Te pego hoje depois do trabalho. Deixo-a em casa depois, prometo. Diga que sim, é a única coisa que quero ouvir de você há tempos.
- Tenho outra opção? – perguntei e sorri.
Meu sangue estava queimando por dentro de vontade. Meu coração pulava, forte. Alto. Ele mesmo dizia para eu aceitar. Tá, eu concordei. O coração é quem manda.
- Não, você não tem outra opção – ele disse.
Antes de sair deu aquele sorriso que sempre me desmontava. Ainda consegui mostrar um sorriso contente e angustiante ao mesmo tempo.
Os minutos passaram como horas.
Enfim, avistei seu carro, caminhei até ele, disfarçadamente, e entrei. Vidros escuros e um som bacana. Só percebi que chegamos quando ele diminuiu a velocidade. Parou, abaixou o vidro do carro e pediu um quarto.
Foi tudo muito estranho. Gostoso, mas eu sentia medo. Inesquecível, mas eu num queria nem pensar nas conseqüências. Os minutos ali passaram de forma deliciosa. Foi tudo tão perfeito, tão magnífico. E eu estava deliberadamente apaixonada. Entregue. Ele conseguiu me completar. Infelizmente. Já não sei mais o que pensar. Já não sei mais entender o proibido. Não sabia mais se me sentia feliz ou desesperada.



Foi pouco tempo, mas suficiente para eu perceber que nem sempre o coração é quem manda. E que o arrependimento é a dor mais avassaladora que eu já senti. E se ela ficar sabendo, eu só espero que me perdoe, porque amizade como a dela eu jamais encontrarei. Embora momento como aquele eu jamais terei.

(ana lívia)

28 de setembro de 2010

Novo mundo novo.

     Eu queria ter a inspiração que eu tinha aos meus 18 anos. Postava num fotolog. Depois, numa página chamada Orkut. Raro alguém que não tinha. Posteriormente, passei para um blog. Aparentemente atrativo. Era bem legal. Perdia horas e horas lendo textos. Mas para construir o meu, gastava pouco.
     Queria ter a felicidade de quando tinha 5 anos, 7 anos também, quando ganhei minha primeira bicicleta. E alguns arranhões, claro.
     Aquela disposição quando ia para o trabalho era algo que me preenchia. Dia a dia. Noite a noite. Adorava trabalhar com o clarão da lua. Sim, escritora era um hobbie. Trabalho mesmo era quebrar a cabeça com o que houve de errado no dia. A empresa era enorme. Os funcionários eram muitos. Gastava-me muito. Me sentia gastada. Estou gastada. Mas confesso, ali era minha segunda casa.
     Mas o que eu queria ter mesmo eram os amores dos 20 anos. Dos 30 também. Ahh, como era maravilhoso! Um sorvete tornava o melhor programa da semana. E um cinema quando ele não podia era entediante.
     Passeios com os filhos era o que eu mais gostava. Aquele passeio nas pracinhas, no quarteirão empurrando o carrinho de bebê. Aquele outro passeio do tipo parque de diversão. Eles cresciam como uma sementinha de girassol. Daquelas que procuram o sol e se viram para ele. Tinham um brilho incomparável. Admirável. Sim, sou suspeita porque vieram de mim. Aquele passeio depois de suas faculdades. Aah! O fato de eu caber nos seus programas era ótimo. Me completava. Eu me sentia tão jovem. Tão “na moda”. No estilo. Cada estilo, viu?
     Saudade eu tenho das viagens feitas com eles para o litoral, para o interior. Para um passeio qualquer numa fazenda alheia. Hum, aqueles passeios! E ainda tinha os netos. Umas belezuras. Bastavam sorrir e eu me derretia.
     Chá da tarde com as amigas. Isso já aos 50. O que mais gostávamos era de ouvir os passarinhos, o vento cantando com as folhas das árvores. No jardim de alguma de nós. Quando era na minha casa, ficávamos perto do balanço que tinha perto da mangueira. Elas adoravam levar algumas mangas para os netos. Me arrisco a dizer que algumas tinham bisnetos. Não me lembro.
     E parece que tudo não passou de um sonho. Pessoas importantes sempre a disposição quando se tinha uma pele lisinha. Pessoas que “diziam” me achar importante.
     Pessoas magníficas ao meu lado quando eu podia providenciar um churrasquinho. Por minha conta mesmo. Fazia questão apenas da presença de cada. Ah, era tão bom!
     O que me resta são as lembranças. Os papos com a Dona Maria. Ta bom, não temos uma diferença tão grande de idade. Reformulando. Os papos com a Maria é o que mais me contenta durante nosso banho de sol.
Uma pena o chazinho não ser mais como antes. A sombra da mangueira não me fazer mais companhia. Nem ao menos um passeio. Incomunicável com o mundo lá fora. Velho mundo.
Mas o que eu mais gostaria de ter por perto eram eles. Tão importantes. Tão presentes sempre. Por que será que isso aconteceu? Me disseram que foi por vontade deles. Mas acredito que não. Sempre fiz de tudo ué. Não, não. Isso não. Jamais.
E o que eu mais gostaria de contar-lhes é que eu estou aqui. Feliz, mas poderia estar mais. Aqui todos me tratam bem, mas eu gostaria de amor fraternal. E espero que um dia eles recebam esse comunicado. Eu sinto saudades, na verdade, deles, meus filhos.



Preciso parar por aqui. Horário do banho. Aqui é tudo tão organizado. E ainda me diziam que asilo era coisa de louco.




                                                          (ana lívia)

25 de setembro de 2010

Mais um símbolo do reconhecimento: o selo!



    Só explicando o título, os primeiros símbolos de que vocês reconhecem o que faço são as visitas de vocês, os comentários e quem me segue. =)

    Mas então, hoje recebi meu primeiro selo. E claro, não poderia ser diferente. Vou desejar esse post para a minha grande amiga Mayara. Sim, a que me presenteou! :)
    Uma garota de 14 anos, nascida no norte do país, morou, posteriormente, no Sul, e hoje é residente em Vitória. Ela gosta de Lebron James, mas odeia basquete. Ela defende quem ama Jonas Brothers, Demi Lovato, Dudu Surita, ou qualquer um desses meninos que possuem o mesmo estereótipo. 
    Assim como todas as meninas da sua idade, adora pintar as unhas coloridas, se prende a um shopping muito fácil, (compras, ah! compras! haha).      
    Além disso tudo, ela ama ler. Vai de Suzanne Collins a Giorgio Faletti. E como consequência de um grande leitor, ela escreve muito bem. Vale a pena conferir!
Em seu blog, Recordando Palavras  ela trata de assuntos pessoais, como sua história de vida. Trata de livros e filmes também. Espero que gostem!



Indique para 10 blogs caso queira participar. E não esqueça de avisar aos blogs sobre o selinho.
Então, seguindo o ritual, aqui estão os 10 Blog's, os quais acho que merecem recebê-lo:



Eu sei que são para 10 pessoas que eu devo mandar, mas como o Blog do Diego Dias recebeu este mesmo selo, resolvi não mandar para ele. Mas confesso que adooro ler seus textos e quem tiver curiosidade, aqui está: O pior Blog de todos!
É isso, galera!

Obrigada, mais uma vez, à Mayara.


(ana lívia)

23 de setembro de 2010

Óh, benditas quitandas!

Assim como todas as manhãs, eu acordei às 5. Uma xícara de café e algumas bolachinhas. Daquelas de água e sal. Uma delícia. Era o que tinha. Quando tinha aula de música depois da aula, ainda conseguia um copo de leite batido com ovo. Para dar sustento. Afinal, chegava quase 3 da tarde em casa. A perua demorava muito, às vezes.
Alguns olhares do meu tio me desafiavam a perguntar o que estava acontecendo. Ódio talvez. Não fiz nada. No máximo cantei duas músicas de ninar para a Sofia, a boneca que mamãe me deu. Mas, seria possível?
Enfim, fui para a porteira e fiquei esperando o “tio” Camilo (sim, o motorista da perua) passar para me pegar, e posteriormente as outras crianças da vizinhança.
Lá tinha pouco gado. Nessa hora ele estava confinado.As galinhas ainda dormiam. E o Mingau, o gato da tia Madalena debaixo do banco de madeira. Dormindo, para variar. Mas ouvi passos, lentos. A grama sendo amassada e soltando alguns sussurros. Não me contive, olhei para trás. Lá estava ele, o João. O tio João. Desde os quatro anos eu lidava com aquela cena. Frequentemente.
Meu coração me impulsionava para correr. Mas minhas pernas temiam e tremiam. Não podia. Prontifiquei-me à sua frente: “O que foi, tio? Esqueci algo?”
E mais uma vez ele me deu aquele abraço, o qual ele sempre me dava quando a tia Madalena ainda dormia.
Penso que ele estava querendo me dizer algo, mas o furioso motor da perua do tio Camilo gritou antes.
A estrada nos guiava e dentro de 1 hora de 20 minutos eu já estava na escola. Tia Jacinta sempre na porta para nos receber. Com aquele sorriso encantador e aquela voz. Ai, aquela voz!
Aquele pequeno sininho tocara. Infelizmente. Não, já não era mais o intervalo. Estava indo embora. A perua já esperava e as outras crianças também.
- O que foi Maria? – tia Jacinta me pegou no colo e me perguntou.
- Nada tia. Posso ficar aqui na escola hoje?
Silêncio. Aquele olhar triste da tia Jacinta. Ela sabia o que eu passava.
De volta para casa. Encontrar o tio João. Tão bravo. Tão grosso. Tão impaciente. Nojento, horrendo.
Meu quarto me chamava e a porta pedia para ser trancada.
Batida na porta. Nessa hora, minhas pernas imploravam para não se mexer. Meu coração chorava. Gritava.
Ao mesmo tempo em que abri a porta, já me via jogada na cama. Parecia um furacão. Sempre me batia. Parecia um ritual. Enquanto me batia seu suspiro profundo no meu ouvido me enojava. Parecia que gostava daquilo. De ver meu sofrimento. Engraçado que ele fazia “silêncio” com o dedo. Quando eu ousava soltar um resmungo, ele tapava minha boca.
Não sei como era ao certo. Eu sei que ele sempre fazia isso. E nisso, tia Madalena na vizinha levando suas quitandas. Ela sempre me apunhalava pelas costas quando saía. Ele sempre tendo prazer quando ela saía. Óh, benditas quitandas!
Quando ele se cansava vestia a calça. Amarrava o cinto, o qual já nem tinha fivela. E saía.
Deixava-me ali, apenas 9 anos de idade prostrado na cama. Lembrando que 4 de felicidade, com meus pais, e esses últimos 5 assim. Com o corpo ardendo. Engraçado que eu nunca soube onde doía. Minhas pernas doendo. Acho que era o ângulo o qual ele, o tio João, as forçavam. E meu coração?
Continuava gritando. Mas rouco. E sangrando.
Eu só queria que ele me amasse como prometeu ao meu pai antes de falecer.
Eu só queria que ele pensasse.

 Eu só imploraria para que ele parasse.


(ana lívia)

21 de setembro de 2010

Aos 16.

- Alô? (...) Sim, ela mesma. (...) Chama-se João Fernandes. (...) Ahn? Como assim? Que horas?
“Não pode ser...”. Voz fria, triste; mãos gélidas, trêmulas; coração doendo, sangrando.
Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Não podia permitir que se tornasse verdade um fato que para ela era inacreditável.Sem ao menos perceber, já desligara a chama do fogão e pegara as chaves de casa. Porta afora, lá estava ela. Nas ruas. Sem se deixar lembrar que a porta da sua humilde casinha ficara aberta, que o seu celular estava sobre o colchão, naquele quarto grande o suficiente para caber todos os móveis da casa. Ou quase todos. Não sabia, mas no celular havia um lembrete, uma mensagem, uma ligação perdida. Não sei.
Caminhando em passos lentos e o que lhe fazia companhia era apenas a solidão lado a lado com aquela dor que estraçalhava seu interior.
“Como pode ser?” – era o que se perguntava. “Não, não podia ser.” – sua melhor resposta.
Sem querer pegar o caminho do hospital, seus passos a guiava para lá. Sem ao menos imaginar como seria viver com aquela ausência, ela se sentia sozinha. Literalmente, a pé nesse novo mundo.
Amor como aquele, ela não teria igual. Já estava com 16 anos e a única coisa que queria era viver com ele, ser feliz com ele o ajudando como e quando precisasse.
Cabeça baixa, dor interior, choro incessante e lágrima no olho. Uma única lágrima que escorria. Era árdua.
De repente, cabeça erguida e seus olhos conseguem alcançar algumas letrinhas em vermelho. Num prédio branco. Duas entradas, ou três. Hospital São José. Lá estava ele.
Uma punhalada forte é sentida no peito. Mas ela era forte e precisava entrar para reconhecê-lo.
- E então? – Foi o que perguntou o enfermeiro ao levantar um pano branco e sujo que estava sobre seu rosto.
Era ele! Não acreditava! Seus olhos não conseguiram conter as lágrimas, mas não soltava nenhum som. Enquanto isso, os olhos dele permaneciam fechados. Intactos. Sua boca também. Infelizmente, não podia nem ouvir o último “Eu te amo” que ela sempre se deliciava em seu aniversário, no Natal assim como nos dias comuns. Os mais comuns.
- Sim, é ele! – Com muita dificuldade ela conseguiu responder. Embora não precisasse. Seus olhos, seu sentimento, seu coração já dizia tudo.
Seus passos mais lentos ainda, iam em direção àquela casinha, que antes era aconchegante e que perderia o brilho. Perderia todo o encanto. Perdeu o encanto.
Sua vontade era caminhar mais, mais e mais. Para esquecer tudo. Esquecer a dor e lembrar apenas do seu sorriso, aquele o qual a deixava imensamente feliz. Ela tinha apenas 16 anos. Ela precisava dele ainda. E muito.
A porta ainda aberta a convida para entrar. No fogão, aquele prato simples que ele tanto gostava de comer e que o esperava. E no colchão, o seu presente de 15 anos. Seu celular, mas com uma mensagem: “Filha, eu te amo muito! Estarei sempre contigo, você sabe. Papai.”
E a única coisa que sobrou dele, além das lembranças, era a certeza que aquele sim era um amor verdadeiro. Como ela o ama.

Como ela o amava.

(ana lívia)

18 de setembro de 2010

Adeus, meu adeus!

- Cheeega!
- Sim, chega. Farei o que você sempre quis que eu fizesse!
Alguns segundos, um gole d’água. E continuou, com apenas uma palavra: “Adeus!”.

Mão no bolso, chave do carro na mão. Passos largos e rápidos.
Batida de porta. Aceleração forte e o ronco do motor foi o último som que ela sentiu, a poeira foi a única coisa que ela ouviu e o intenso doce-amargo no peito foi o que ela viu.
Quanto à lágrima no rosto, aquela, foi a primeira que ela sentiu. Doía.
Sim, ela não sentiu nem o tato da lágrima escorrendo pela face. Seus sentidos estavam trocados e sua mente uma bolha de pensamento.
No olhar, apenas a esperança daquilo tudo ser mentira ou até mesmo daquele carro voltar.
Foi quando ela percebeu que aqueles anos seriam jogados ao ar, ao mar. E o vestígio o vento ficaria encarregado. O tempo. A dor e o desespero. A raiva e o ódio. A indiferença e o desprezo. Casais. Recém-casados e que incrementavam aquele árduo momento.
Um casal se fora. Já era!
Sentiu como se queimasse o peito. Sua vida? (...)
Virara de costas. Passos curtos e vagarosos. Temerosos.
Vento forte no rosto. Aceleração forte e o alerta do motor foi o primeiro som que ela ouviu, a poeira foi a única coisa que ela viu e o intenso doce-amargo no peito foi o que ela sentiu.
O pingo d’água no rosto? Era a chuva que estava por começar.
O brilho no olhar? Era a certeza de que ele estava de volta, o seu amor.
 
- Eu não posso!
- Eu adoro sua voz!
- Te amo!
- Eu também te amo!

Sentiam o gosto do abraço, enquanto se deliciavam com o cheiro e se desmanchavam com a força do beijo. Seus sentidos estavam trocados e sua mente uma bolha de pensamento.


(ana lívia)

14 de setembro de 2010

Amor, meu ex-amor.

O papo estava bom e a água do riacho insistia em chiar no nosso ouvido. Um som bom. E natural. Um comentário a mais sobre o barulho de uma semente que caía ao nosso lado. Um comentário a menos sobre o cantarolar do pássaro que eu amo e ele não suporta.
O silêncio sempre reinava entre a gente. Mas o dia estava bonito. Muito bonito, por sinal.
Algumas nuvens insistiam em se transformarem em animais, comidas ou até mesmo uma ameaça à fisionomia de algum conhecido. Conhecido meu, conhecido dele, conhecido de ambos, não sei.
E por um motivo qualquer eu esperava por aquele beijo. Aquele abraço. Esperava sentir aquele perfume, perfume que era só dele. E aquele cheirinho que eu sempre sentia quando estava sozinha, com medo. Talvez me sentisse segura com ele ali. Isso, com o cheiro.
- Eu senti sua falta.
E mais uma vez o silêncio, vindo dele, reinou. Mas dentro de mim havia milhões de vozes, e pior que isso, gritando. Mas eu me contive por algum momento.
Talvez seu jeito de olhar para o horizonte me expressava algo que eu não queria notar. Algo que me doía antes mesmo de ter certeza.
Além do seu silêncio, que me causava medo, as nuvens começaram a tapar o nosso brilho do dia. Não, não era o sol. Afinal, ele estava se pondo ou as nuvens o tapava? Não tinha ao menos vontade de erguer a cabeça e se atentar aos detalhes.
Aquele silêncio.
- Não me olhe assim...
Foi a única coisa que ouvi durante todo aquele tempo. Lugar onde eu tinha apenas a sua companhia. Momento essencial para ouvir o que queria e dizer o que não queria.
Ele se levantou, pegou sua mochila, o tênis e sua carteira de cigarro. Aquele olhar lançado a mim de “quero ir embora” me obrigou a ter alguma atitude.
- Vou me vestir, vamos?
Enquanto acendia seu terceiro cigarro dentro de quinze minutos, eu vestia minha blusa branca sobre o biquíni molhado. Pés no chão, algumas pedras tentando me agredir pelo pé, mas não era nada comparado ao que eu sentia.
Passos lentos. Barulho de cascalho. E um som fúnebre que antecipava a solidão.
E no fim, aquele momento só serviu para ouvir o que eu não queria e dizer o que eu queria. Sim, aquelas palavras foi a última coisa que eu fiz e que não me arrependi.
- Eu vou te amar para sempre, meu ex-amor!


(ana lívia)

9 de setembro de 2010

Café, cigarro e o silêncio.

Vi a porta aberta e entrei. Um piso um pouco sujo, uma sensação de estar em alguma daquelas cenas de Paris, Texas ou até mesmo de Estrela Solitária. Sentei.
A cabeça estava ali, mas o pensamento vagava pela poeira daquele pôr-do-sol. Imaginava estar ao lado de alguém que cantasse algo, ou dissesse algo bonito. Poesia? Talvez não.
- Posso te ajudar?
- Creio que não. Obrigada!
Uns passos lentos e o som do toque da sola do sapato ao chão se distanciando. Privacidade, que bom! 
A única coisa naquele momento que me satisfaria era uma xícara de café, e quem sabe um cigarro. Mas preferi ficar no silêncio do meu pensamento.
Um ou outro olhar me cutucava pelas costas. Apenas olhares, nada mais que isso.
Foram apenas alguns minutos ali. Mas o relógio estava com pressa. Foi quando percebi que a fraca claridade que estava a me aborrecer se fora. Pela vidraça apenas a imensidão da escuridão. Ou não.
Foi quando a porta se abriu. Um cheiro bom. Vanguart tocando ao fundo. E aquele esbarrão no meu pé que insistia em ficar jogado no estreito caminho que tinha.
- Oi...
Foi a única coisa que eu ouvi até perceber que aquele cheiro bom era uma mistura de café com uma leve fumaça de cigarro.
E assim se foi mais um dia, naquele barzinho estilo faroeste que eu adorava ir quando além de estar, eu me sentia sozinha.
Acho que aquela foi a melhor companhia para o meu silêncio que insistia em me acompanhar naquele dia.

(ana lívia)

5 de setembro de 2010

Insônia.

Na cama e a única coisa que se via era a luz laranja do poste entrando pela fresta da janela. Era como uma divisão na cama. Abraço apertado. Apartado pela batida na porta.
Batida forte, inesperada. Achava que era o homem para pedir a vaga da garagem para colocar o carro dos pais. Visitas constantes. Incessantes. Repugnantes. Ou talvez a vizinha noveleira pedindo a parte do jornal que trata-se das aspirações da semana, ou do dia, não sabia. Não lia. Poderia ser o vizinho reclamando do  salto alto em plena madrugada. Ou talvez a cowgirl pedindo para desligar o rock. É, vai pagar multa pela insônia.

Abriu a porta.
Não tinha ninguém. Nenhum barulho. Só sua sombra que se espalhava pelo chão. Chão sujo, mas isso não importava.
De volta para cama. E não tinha mais ninguém. Nenhum abraço apertado. Nem sequer para ser apartado, interrompido.
Ilusão. Sensação de solidão. 

É, vai pagar multa pela insônia.


(ana lívia)

3 de setembro de 2010

Believe!

Eu posso dormir e alguém pode me acordar, mas eu posso sonhar... e isso, me desculpe, ninguém pode impedir.
Eu sonho por um mundo melhor, eu espero desse mundo, o melhor.
Pessoas comparadas a grãos de areia de tão pequenas, mas pensem bem, elas são mesmo tão insignificantes?
Talvez algo inusitado te surpreenda tanto que te faça crer em uma nova possibilidade. Mas não espere muito. Afinal, a vida é feita de momentos... momentos bons e ruins. Momentos, como disse o nosso Chico Xavier, que passam. Não dêem a vida por aquele momento, ele é apenas um momento.
Pessoas que nos fazem acreditar no que elas realmente são, nos tornam especiais. Pessoas que mostram ser um alguém que não é, apenas existem.
Mostre sua essência, independente da situação. Faça, se desdobre, revire o mundo, mas mostre quem você é. Mostre as cores que a vida tem pra você. Ora desbotadas, ora vivas. Se vão gostar ou não, a gente nunca sabe. E isso não é uma questão de escolha, ou gosta ou não gosta.
Acredite na sua experiência, acredite na sua felicidade, acredite também na sua essência, no seu brilho, no seu “eu”. Acredite...

Acredite em você!


E a cada instante a felicidade toma conta de mais uma parte do meu ser.
Os problemas não acabaram. Eles apenas me fortificam. ;)
São momentos, atitudes, segundos, ou minuto que mostra o quanto a vida é valiosa.

E ainda insisto, acredite, viva!




(ana lívia)