Olá, pessoal!

"Todo homem tem direito de pensar o que quiser, de desenhar, de pintar, de cantar, de compor, de escrever o que ele quiser." (Raul Seixas - editado)

Espero que gostem do que vão ler aqui!
Darei o meu máximo, não sei se sempre, mas farei o possível! :)

26 de agosto de 2012

O único e melhor.

E depois de ouvir aquela única frase composta por apenas três palavras ele resolveu se deitar.
Todos dormiram na casa. Menos ele.
Todos levantaram da cama. Não antes dele.
Levantou-se cedo para dar uma volta no chão seco com algum respingo de grama. Era um pasto bonito, antigamente. Com o calor do sertão, restaram apenas um verdinho aqui ou ali. Mas ali era seu refúgio.
Andou e relembrou de todos os momentos que havia passado. Momentos bons e momentos dolorosos também.
Quantas e quantas vezes não se levantou com gosto para ajudá-los?
Ora um com o fechamento das poucas cabeças de gado para tirar o leite, ora outro recolhendo os ovos das galinhas. E olha que aquelas galinhas escolhiam os lugares menos propícios para o ninho, viu?
Por que será que mentiram tanto? Por que será que esconderam isso dele? O que ele fez de tão ruim para pagar um preço tão alto?
Não foram justo comigo! - era a única coisa que pensava.
Lembrou-se das vezes que deitava com o pai debaixo da sombra da única mangueira que havia em meio a tantas árvores. Por ali eles conversavam apenas os minutos em que o pai fazia o famoso 'quilim', como dizia ele.
Construíram uma amizade invejável para qualquer pai de família.
Mas, por quê?
Ao pensar em sua mãe, lembrou-se das vezes em que ele buscava verduras na horta do Nhô João, um vizinho de fazenda. Para ela, aquilo era o máximo, o seu filhinho estava virando rapaz, cheio de  responsabilidades.
Era só parar de relembrar o passado que a dor de ter ouvido aquelas 'três palavrinhas' batiam em seu coração com tanta força que conseguia lhe arrancar algumas lágrimas dos olhos.
Voltou para casa e pediu para que a mãe esperasse o pai para o almoço naquele dia.
Assim eles fizeram, o que não era do costume da casa. Já que o pai voltava tarde.
Mas fizeram!
(...)
Alguns minutos de conversa foram o bastante para que ele entendesse que aquelas três palavras irrelevantes podiam ser substituídas por outras três imprescindíveis na vida dele.
Afinal, qual importância daria para 'Nosso filho adotivo' perto de 'nosso amor maior'?
E foi assim que se conformou de que aquela era a melhor família que ele poderia ter.
A única família que ele gostaria de ter.

O único e melhor filho que ele poderia ser.


(ana lívia)

24 de agosto de 2012

Retomando com um copo sujo.

E de volta às minhas páginas preenchidas com frases e entrelinhas!
Espero que continuem apreciando os poucos textos que escreverei. :)

E para ela, aquela vida teria que passar por uma reviravolta gigantesca. Algo como um tornado e um tsunami batidos no liquidificador. Precisava encontrar um emprego, ser um pouco mais maleável a tudo, um tanto menos indelicadas com os mais próximos, um pouco menos ansiosa para as responsabilidades, um tanto mais animada para a vida e diminuir bastante a combinação do chocolate com os momentos de angústia.

Os dias tinham se tornado algo como um copo vazio. Mas sujo. Um copo em que nada se tinha dentro. E nada podia ser colocado. Copo sujo. Bordas manchadas do seu batom de fim de noite. Noite essa de um sabadão que nada adiantou sair de casa. Noite de uma quarta-feira que rendeu diversos novos amigos e alguns amores não correspondidos.
Paredes do copo marcadas com algumas digitais. Digitais do passado. Digitais que jamais seriam limpadas. Tentadas, no mínimo! Digitais que gostariam de serem esquecidas. Tentativas em vão!
E dentro do copo? Aquele vazio.
Um vazio que nada preencheria naquele momento. Ao fundo, um vestígio ou outro da força de vontade. Ou esperança?

E para ela, aquele copo deveria ser preenchido por aquele tornado de boas vibrações e um tsunami de amor. Era isso!
Um copo sujo, mas um copo cheio! Uma vida atordoada, mas uma vida completa!


(ana lívia)