Olá, pessoal!

"Todo homem tem direito de pensar o que quiser, de desenhar, de pintar, de cantar, de compor, de escrever o que ele quiser." (Raul Seixas - editado)

Espero que gostem do que vão ler aqui!
Darei o meu máximo, não sei se sempre, mas farei o possível! :)

15 de outubro de 2010

Um incidente. Acidentalmente.

E aquela parede que ela mesma havia pintado estava em tons cinza. Quase um preto e branco. Mas antes, era verde, azul, tinha até a cor da laranja, do sol e até mesmo do amor. Aquele vermelho paixão. Era, simplesmente, apaixonada!
A vida construiu nela uma pessoa maravilhosa. Uma energia contagiante. Uma surpresa a cada instante, sempre.
E o quadro da bailarina na posição arabesco. Isso, naquela famooosa posição só a deixava ver duas sapatilhas. Cruzadas. Como se estivessem cansadas de ficar nas pontinhas. No chão. Jogadas.
Aquelas taças de porcelanas ganhadas no último aniversário já não tinham mais o mesmo significado. Uma dizia “Bom dia!”. Era horrível deparar com aquilo e saber que ela dizia o contrário. Grande realidade. Surpreendente realidade. Real. A tristeza. A idade, talvez.
A de “Boa noite!” era agradabilíssima. Sim. Infelizmente, apenas quando tinha suas gotinhas para adormecer. Hum, uma delícia. Nem via. Dormia.
Seus cadernos jogados sobre a escrivaninha, fazendo companhia para a luminária que havia herdado do pai. Um incentivo aos estudos? Talvez. (Óbvio.). Alguns testes e alguns borrões de vermelho representando o seu fracasso nos últimos tempos.
A janela entreaberta e o vento a intrigando. Chamando-a para correr e percorrer o mundo lá fora. O seu mundo. Antigo mundo.
O celular, aquele recém-lançado, já não tinha mais a mesma serventia. Encontrava-se desligado. Para que esperar por algo que não virá?
E o pessimismo sempre a acompanhando.
A única coisa que ela percebia era que seu travesseiro estava sendo seu melhor companheiro. Afinal, o que antes ocupava esse lugar já não pertence mais a esse mundo. Essa realidade.
Ela sofre. Mas ela é orgulhosa. Ela o entendeu. Mas ela o queria de volta. O abraço forte. A risada cínica dele. A caminhada no parque todos os dias e a discussão pelo celular quase todo fim de semana. Ela adorava um barzinho alternativo e, para ele, um violão, seu cigarro e sua amada eram suas melhores companhias.
Ele cansou. Ela o entendeu. Mas ela o queria de volta.
Aquela energia que ela passava já ficara no passado. E talvez, sem intenção alguma para recuperá-la ela teria todos os motivos para retomá-la.
Bem que sua mãe dizia, “O balé te faz bem, filha.”. Bem que ela poderia ter continuado. Aquele quadro esperava pelo próximo espetáculo. E aquele quadro foi a única coisa que restou de seu maior sonho. Não sabia o quão importante se sentia naquele palco. Aquele o qual não a pertencia mais. Não sabia o quão destruidor seria aquele acidente. Incidente.
E aquele quarto escuro, com tons cinza era o único lugar em que ela se encontrava.
E aqueles olhos tristes, sem brilho, era a única coisa que a impedia de ver a sua nova realidade. Triste ou não, ela era real. A idade? Talvez.




(ana lívia)


Só um PS: Eu gostaria de agradecer o Luiz Eduardo que me presenteou também com o selo da última postagem. Ele é dono do A longa estrada..., lá ele deixa alguns textos, textos breves, mas que possuem um significado muito grande para quem se atenta aos detalhes. 
Vale a pena conferir. E mais uma vez, OBRIGADA Luiz Eduardo, de verdade! :)

20 comentários:

  1. Ana Lívia... Que texto! Não sei se apenas eu percebo dessa forma, mas o mistério que há atrás de cada palavra tua (que parece chamar a próxima, sem a revelar) é fascinante. Parabéns!
    Di Alencar :)

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  2. Lindo! A bailarina triste por não ter o que anseia e não ser o que deseja.
    Acho que seu texto tem algo em comum com a vida real. As vezes o final nem sempre é como esperamos, até porque o resultado de certas coisas, não só depende de nós, mas de outras (ou "outra" ) pessoas. É o caso da bailarina que como você diz no texto: "Mas ela o queria de volta."

    Ótimo post!
    Parabéns! :)

    PS: Obrigado por comentar no meu blog!
    Beijinhos no seu ♥

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  3. daeeeeee Ana!! Nassa o texto. Acho q ficou com um espacinho vago no meio dele. Tipo, contar mais do sofrimento dela, o pq terminaram, ql o real motivo etc.

    Poremmmmm eu sei q se tu deixar ele longo demais ninguem lê. Se fosse num livro tudo bem.

    Entao te parabenizo por mais um belissimo texto e pelo discernimento de adequa-lo para um blog.

    Bjss

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  4. Pô, muito bom o texto!
    Típico texto que nós queremos saber logo o final.
    Parabéns (:

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  5. Seguindo aqui =]
    visite o meu também , ti espero ...
    bj ;*

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  6. Acho instigante a maneira cmo certos textos dão uma falta de ar. E esse foi mais ou menos assim.
    E adorei, como sempre.

    beijos (:

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  7. O balé e a escrita te fazem bem, acho... valeu!

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  8. O balé e a escrita te fazem bem, acho... valeu!

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  9. Ok, a escrita te faz bem... rs.

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  10. Primeiro, tenho que agradecer atrasado pelo selo, e não.. não me senti nem um pouco mulherzinha com ele kkkkk, pelo contrário, me senti honrado mesmo rs

    E em segundo lugar, quando certas pessoas me dizem algo como "Acho que vou parar de escrever" me da vontade de apontar uma arma e falar "não vai não, ainda tem muita inspiração aí dentro Ò_ó"

    não preciso nem explicar neh? kkkkkkk


    ótimo texto

    beijão bailarina uahauauha

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  11. Tenho que dizer
    que realmente voce se supera a cada nova postagem.
    Sem melação, mas ,
    seus textos sao incriveis pra mim.
    Geralmente eu começo a ler e tenho que voltar pra ler novamente porque em algum momento a minha mente já vagou e quando eu vou ver nao esntendo mais nada, sao apenas palavras em vão.
    Mas o seu modo de escrever me prende.Isso é bom!
    ahhh e eu tbm amo o seu jeito melancólico de formar as frases.E de dar valor aos detalhes.
    Beijo!

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  12. Ótima semana pra vc, flor.
    Beijos e te espero lá no blog ;)
    www.nicellealmeida.blogspot.com

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  13. ei ana!!!! obrigado pelo ''ps'', você merece, mais do que os selos, merece mais e mais leitores... e, além de ler sua mensagem, ainda disfrutei desse texto tão belo e bem escrito.
    pude visualizar, perfeitamente, a ''bailarina'' olhando para os lados, procurando seu passado, presente e futuro; dançando em seus pensamentos tristes, que ganhavam descanso com suas ''gotinhas''.. nosso tempo, o tempo que merece ser vivido.
    ótimo texto!! parabéns :D
    bjs

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  14. Tom de despedida, e por falar nisso andei distante do meu blog, semanas de pirações e insanidades que tive, mas rendem coisas ao blog, ando me escrevendo muito nele, tenho que parar senão me decifram.
    Que bom que voltastes a postar seus textos, isso me deixa feliz, gosto da originalidade deles.

    bjOss

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  15. Puxa Ana... Que belo texto hein... Muito bem escrito, de forma leve e empolgante, gostei mesmo!
    O seu blog é muito bonito e bem feito! Parabens!

    Obrigado por comentar no meu blog.
    Atualizei hoje, passa lá depois.

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  16. quero ele pra mim...

    senti a dor dela (se é que dor é a palavra) quase dancei.

    uma calma, um leveza... talvez seja a solidão...

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  17. Viu... era disso que eu falava. Você não perde o toque pra escrever... *___*
    As cores, o tema, o modo como escreveu, as imagens que escolhe! Viu como ficou tudo perfeito e encachado!
    Eu demorei pra comentar pq tb não tava entrando, mas que bom que voltei...
    Agente pode ser qualquer personagem que vc escreve, pq vc faz isso... torna agente real lendo o teu personagem!
    Parabéns, parabéns =D

    bjuam!

    www.suportedamente.blogspot.com

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  18. Todo o conjunto disso aqui é incrivel. As palavras nesse tom suave, a imagem de fundo, as ilustrações... Tudo fomenta a criação da cena nas nossas mentes. A vontade que dá é de parar ao pé de uma árvore de folhas secas e ler todos esses sentimentos em formas de caracteres.
    Parabens :)

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