E aquela parede que ela mesma havia pintado estava em tons cinza. Quase um preto e branco. Mas antes, era verde, azul, tinha até a cor da laranja, do sol e até mesmo do amor. Aquele vermelho paixão. Era, simplesmente, apaixonada!
A vida construiu nela uma pessoa maravilhosa. Uma energia contagiante. Uma surpresa a cada instante, sempre.
E o quadro da bailarina na posição arabesco. Isso, naquela famooosa posição só a deixava ver duas sapatilhas. Cruzadas. Como se estivessem cansadas de ficar nas pontinhas. No chão. Jogadas.
Aquelas taças de porcelanas ganhadas no último aniversário já não tinham mais o mesmo significado. Uma dizia “Bom dia!”. Era horrível deparar com aquilo e saber que ela dizia o contrário. Grande realidade. Surpreendente realidade. Real. A tristeza. A idade, talvez.
A de “Boa noite!” era agradabilíssima. Sim. Infelizmente, apenas quando tinha suas gotinhas para adormecer. Hum, uma delícia. Nem via. Dormia.
Seus cadernos jogados sobre a escrivaninha, fazendo companhia para a luminária que havia herdado do pai. Um incentivo aos estudos? Talvez. (Óbvio.). Alguns testes e alguns borrões de vermelho representando o seu fracasso nos últimos tempos.
A janela entreaberta e o vento a intrigando. Chamando-a para correr e percorrer o mundo lá fora. O seu mundo. Antigo mundo.
O celular, aquele recém-lançado, já não tinha mais a mesma serventia. Encontrava-se desligado. Para que esperar por algo que não virá?
E o pessimismo sempre a acompanhando.
A única coisa que ela percebia era que seu travesseiro estava sendo seu melhor companheiro. Afinal, o que antes ocupava esse lugar já não pertence mais a esse mundo. Essa realidade.
Ela sofre. Mas ela é orgulhosa. Ela o entendeu. Mas ela o queria de volta. O abraço forte. A risada cínica dele. A caminhada no parque todos os dias e a discussão pelo celular quase todo fim de semana. Ela adorava um barzinho alternativo e, para ele, um violão, seu cigarro e sua amada eram suas melhores companhias.
Aquela energia que ela passava já ficara no passado. E talvez, sem intenção alguma para recuperá-la ela teria todos os motivos para retomá-la.
Bem que sua mãe dizia, “O balé te faz bem, filha.”. Bem que ela poderia ter continuado. Aquele quadro esperava pelo próximo espetáculo. E aquele quadro foi a única coisa que restou de seu maior sonho. Não sabia o quão importante se sentia naquele palco. Aquele o qual não a pertencia mais. Não sabia o quão destruidor seria aquele acidente. Incidente.
E aquele quarto escuro, com tons cinza era o único lugar em que ela se encontrava.
E aqueles olhos tristes, sem brilho, era a única coisa que a impedia de ver a sua nova realidade. Triste ou não, ela era real. A idade? Talvez.(ana lívia)
Só um PS: Eu gostaria de agradecer o Luiz Eduardo que me presenteou também com o selo da última postagem. Ele é dono do A longa estrada..., lá ele deixa alguns textos, textos breves, mas que possuem um significado muito grande para quem se atenta aos detalhes.
Vale a pena conferir. E mais uma vez, OBRIGADA Luiz Eduardo, de verdade! :)
Ana Lívia... Que texto! Não sei se apenas eu percebo dessa forma, mas o mistério que há atrás de cada palavra tua (que parece chamar a próxima, sem a revelar) é fascinante. Parabéns!
ResponderExcluirDi Alencar :)
Lindo! A bailarina triste por não ter o que anseia e não ser o que deseja.
ResponderExcluirAcho que seu texto tem algo em comum com a vida real. As vezes o final nem sempre é como esperamos, até porque o resultado de certas coisas, não só depende de nós, mas de outras (ou "outra" ) pessoas. É o caso da bailarina que como você diz no texto: "Mas ela o queria de volta."
Ótimo post!
Parabéns! :)
PS: Obrigado por comentar no meu blog!
Beijinhos no seu ♥
daeeeeee Ana!! Nassa o texto. Acho q ficou com um espacinho vago no meio dele. Tipo, contar mais do sofrimento dela, o pq terminaram, ql o real motivo etc.
ResponderExcluirPoremmmmm eu sei q se tu deixar ele longo demais ninguem lê. Se fosse num livro tudo bem.
Entao te parabenizo por mais um belissimo texto e pelo discernimento de adequa-lo para um blog.
Bjss
Pô, muito bom o texto!
ResponderExcluirTípico texto que nós queremos saber logo o final.
Parabéns (:
Seguindo aqui =]
ResponderExcluirvisite o meu também , ti espero ...
bj ;*
Acho instigante a maneira cmo certos textos dão uma falta de ar. E esse foi mais ou menos assim.
ResponderExcluirE adorei, como sempre.
beijos (:
O balé e a escrita te fazem bem, acho... valeu!
ResponderExcluirO balé e a escrita te fazem bem, acho... valeu!
ResponderExcluirOk, a escrita te faz bem... rs.
ResponderExcluirPrimeiro, tenho que agradecer atrasado pelo selo, e não.. não me senti nem um pouco mulherzinha com ele kkkkk, pelo contrário, me senti honrado mesmo rs
ResponderExcluirE em segundo lugar, quando certas pessoas me dizem algo como "Acho que vou parar de escrever" me da vontade de apontar uma arma e falar "não vai não, ainda tem muita inspiração aí dentro Ò_ó"
não preciso nem explicar neh? kkkkkkk
ótimo texto
beijão bailarina uahauauha
Tenho que dizer
ResponderExcluirque realmente voce se supera a cada nova postagem.
Sem melação, mas ,
seus textos sao incriveis pra mim.
Geralmente eu começo a ler e tenho que voltar pra ler novamente porque em algum momento a minha mente já vagou e quando eu vou ver nao esntendo mais nada, sao apenas palavras em vão.
Mas o seu modo de escrever me prende.Isso é bom!
ahhh e eu tbm amo o seu jeito melancólico de formar as frases.E de dar valor aos detalhes.
Beijo!
Como sempre... Maravilhoso!
ResponderExcluirUm beeeijo :*
Atualiza, fia...
ResponderExcluirÓtima semana pra vc, flor.
ResponderExcluirBeijos e te espero lá no blog ;)
www.nicellealmeida.blogspot.com
ei ana!!!! obrigado pelo ''ps'', você merece, mais do que os selos, merece mais e mais leitores... e, além de ler sua mensagem, ainda disfrutei desse texto tão belo e bem escrito.
ResponderExcluirpude visualizar, perfeitamente, a ''bailarina'' olhando para os lados, procurando seu passado, presente e futuro; dançando em seus pensamentos tristes, que ganhavam descanso com suas ''gotinhas''.. nosso tempo, o tempo que merece ser vivido.
ótimo texto!! parabéns :D
bjs
Tom de despedida, e por falar nisso andei distante do meu blog, semanas de pirações e insanidades que tive, mas rendem coisas ao blog, ando me escrevendo muito nele, tenho que parar senão me decifram.
ResponderExcluirQue bom que voltastes a postar seus textos, isso me deixa feliz, gosto da originalidade deles.
bjOss
Puxa Ana... Que belo texto hein... Muito bem escrito, de forma leve e empolgante, gostei mesmo!
ResponderExcluirO seu blog é muito bonito e bem feito! Parabens!
Obrigado por comentar no meu blog.
Atualizei hoje, passa lá depois.
quero ele pra mim...
ResponderExcluirsenti a dor dela (se é que dor é a palavra) quase dancei.
uma calma, um leveza... talvez seja a solidão...
Viu... era disso que eu falava. Você não perde o toque pra escrever... *___*
ResponderExcluirAs cores, o tema, o modo como escreveu, as imagens que escolhe! Viu como ficou tudo perfeito e encachado!
Eu demorei pra comentar pq tb não tava entrando, mas que bom que voltei...
Agente pode ser qualquer personagem que vc escreve, pq vc faz isso... torna agente real lendo o teu personagem!
Parabéns, parabéns =D
bjuam!
www.suportedamente.blogspot.com
Todo o conjunto disso aqui é incrivel. As palavras nesse tom suave, a imagem de fundo, as ilustrações... Tudo fomenta a criação da cena nas nossas mentes. A vontade que dá é de parar ao pé de uma árvore de folhas secas e ler todos esses sentimentos em formas de caracteres.
ResponderExcluirParabens :)